TERRORISMO URBANO DESVELADO: A COBRA ESTÁ NO SEU MEIO

Por: Fernando Matico

Nos últimos cinco meses, Moçambique tem sido palco de um fenómeno inédito que transcende as fronteiras da simples manifestação social. A nação tem vivido momentos de profundo caos e destruição, desde o término das eleições, com uma série de actos de vandalismo, saque de bens públicos e privados, e, o mais alarmante, a pilhagem generalizada que assola o país.

Diversas empresas foram reduzidas a cinzas, e milhares de cidadãos perderam seus empregos devido à destruição em massa. O transporte foi severamente comprometido com barricadas espalhadas por várias regiões, enquanto as forças de defesa e segurança, sobrecarregadas e impotentes, tentam em vão restaurar a ordem. O mais chocante é que a sociedade, que antes respeitava as instituições de segurança, agora descredita completamente a Polícia da República de Moçambique (PRM) e os militares. Há uma crescente aversão àquelas mesmas forças que têm a missão de manter a paz e proteger os cidadãos.

A situação se agrava ainda mais quando vemos a destruição de bens de investidores e até de caminhões que abastecem os países do interior do continente. O cenário actual fragiliza de maneira irreversível a economia nacional, afastando investidores estrangeiros, que, diante da instabilidade, preferem buscar refúgio em países mais seguros. O investimento em Moçambique, hoje, tornou-se uma tarefa arriscada, visto que a segurança é um bem cada vez mais escasso.

A economia moçambicana, que já enfrenta desafios consideráveis, vê-se agora em um momento de declínio dramático. De acordo com dados do Banco de Moçambique, a escassez de dólares para divisas tem causado um impacto devastador na economia. A Confederação das Associações Económicas (CTA) alertou recentemente que cerca de 70 empresas enfrentam sérias dificuldades para importar e exportar produtos, especialmente para mercados como China e Índia, por diversos motivos ligados à instabilidade interna.

O país está à beira de um colapso económico, e a resposta às manifestações violentas e destrutivas é, até agora, inadequada. A origem dessa crise remonta à contestação dos resultados eleitorais, mas os problemas que se seguiram — o aumento do custo de vida, as altas portagens e a escassez de produtos essenciais — são apenas reflexos de uma anarquia generalizada que afecta todos os sectores da sociedade.

E, enquanto a população se vê sem soluções efectivas, a mídia exibe cenas de distribuição de bens, como água potável e cimento, por parte de organismos como o FIPAG, como se fossem medidas paliativas suficientes para resolver o problema. A verdade, no entanto, é que estas acções não podem mascarar a profundidade da crise que o país enfrenta. O que começou como uma reivindicação por mudanças eleitorais transformou-se em um movimento de insatisfação geral que abala os pilares fundamentais da nação.

Nesse contexto, é necessário reflectir sobre as medidas a serem adoptadas. Em minha opinião, o Estado precisa, com urgência, deixar de lado certos dogmas relacionados aos direitos humanos e priorizar a manutenção da ordem e da segurança pública. É inegável que o país enfrenta um problema de segurança que precisa ser abordado de forma firme e eficaz. A Polícia da República de Moçambique, juntamente com as forças armadas, deve adoptar uma postura decisiva, sem hesitação, para erradicar as acções de violência e destruição.

A metáfora do “crocodilo” é apropriada neste momento. Não se pode permitir que essa “cobrinha” cresça até se tornar uma “anaconda” ou “mamba preta”, incontrolável e fatal. O país está à beira de perder o controle de sua própria estabilidade, e isso pode resultar em uma falência total do Estado.

A resposta do governo deve ser clara: não podemos mais permitir que o terror urbano prospere. O presidente da República, um homem de fé e história pastoral, deve se posicionar firmemente, não apenas com palavras, mas com acções contundentes. Moçambique não pode seguir o caminho do fracasso. O presidente deve usar a autoridade de seu cargo para restabelecer a ordem, com força e sabedoria, e garantir a protecção do povo moçambicano.

O Estado, desde a Grécia Antiga, tem a polícia como uma instituição fundamental para a preservação da ordem social. Hoje, essa instituição deve ser respeitada e fortalecida, não apenas como um órgão de repressão, mas como um pilar essencial para o progresso e a paz do país. Moçambique não pode continuar a ser refém de uma anarquia que destrói suas bases económicas e sociais.

É hora de dizer basta. O governo deve agir com firmeza, em defesa da paz, da ordem e do futuro de Moçambique. O país não pode permitir que o caos tome conta e que os sonhos de uma nação próspera se percam nas chamas da violência e da incerteza.


Categoria: Opinião

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