
PAÍS PRECISA DE ACÇÕES CONCRETAS E DE UM COMPROMETIMENTO REAL COM A PAZ
Por: Fernando Matico
Nos últimos tempos, tem-se assistido a um crescente clamor em torno da situação política e social do país, com algumas vozes a sugerirem que o Presidente da República, Daniel Chapo, deveria sentar-se com Venâncio Mondlane para discutir uma saída para a instabilidade que estamos a viver. No entanto, discordo frontalmente dessa opinião.
Primeiramente, é importante frisar que a Presidência da República já tem demonstrado uma grande abertura ao diálogo. O Presidente Daniel Chapo tem feito vários apelos à unidade nacional e à busca de soluções pacíficas para os conflitos que assolam o país. Contudo, isso não significa que deva ser ele a procurar Venâncio Mondlane para uma conversa. Pelo contrário, é o próprio Mondlane quem deveria, em respeito à institucionalidade, procurar a Presidência da República, solicitando uma reunião, se, de facto, deseja contribuir para a resolução da crise.
Venâncio Mondlane não pode ser visto como a única voz representativa dos manifestantes. Aliás, já é notório que ele perdeu o controlo sobre os grupos que, sob sua suposta liderança, têm fomentado vandalismos e destruição. As manifestações que ocorrem no país não são mais apenas protestos legítimos por mudanças ou por direitos, mas sim um campo de acção para interesses externos e não governamentais que têm usado a figura de Mondlane para promover caos. Existem grupos organizados que se escondem por trás de sua imagem e que, em vez de buscar soluções construtivas, incentivam a destruição e o vandalismo.
É também relevante destacar que essa instabilidade não é apenas uma questão de opinião pública ou de divergências políticas. Estamos a lidar com uma questão de segurança nacional, em que as forças da ordem têm sido desafiadas pela acção de grupos que não têm escrúpulos em usar a violência como forma de pressão política. E, nesse contexto, um diálogo com Venâncio Mondlane, sem que ele assuma responsabilidade pela sua postura e pela desordem que se vive, seria uma forma de legitimar comportamentos que não devem ser tolerados.

Portanto, o diálogo que a sociedade deseja não pode ser confundido com uma negociação com quem não tem mais o controle dos acontecimentos e que, em muitos casos, tem sido uma figura usada para fins que pouco ou nada têm a ver com o bem-estar da população. O Presidente Daniel Chapo, ao manter sua postura de não ceder às pressões de quem defende uma conversa com Mondlane, está a garantir que a autoridade do Estado se mantenha intacta, evitando que o país se entregue a interesses escusos.
Em vez de uma reunião com Venâncio Mondlane, é urgente que o processo de diálogo envolva outros actores da sociedade civil, políticos e representantes genuínos dos manifestantes, com uma agenda clara de reconciliação e de restabelecimento da ordem. O momento de diálogo é necessário, mas deve ser conduzido de forma responsável e não à sombra de manifestações violentas e de interesses que não representam a maioria da população.
Portanto, é inaceitável que o Presidente Daniel Chapo se sente à mesa com alguém que já não tem o controle sobre as manifestações e que, ao invés de buscar soluções para a paz e a estabilidade, tem se tornado um elo para grupos que desejam o caos. O país precisa de mais do que palavras vazias; precisa de acções concretas e de um comprometimento real com a paz.
