PACÍFICAS, ORDEIRAS E ESPECÍFICAS: A TÓNICA RESTAURADORA DAS MANIFESTAÇÕES PROVINCIAIS CONVOCADASPOR MANUEL DE ARAÚJO NA ZAMBÉZIA!

Por: Roseiro Mário Moreira

Através de dois comunicados tempestivos, consecutivos e purificativos a que aimprensa em geral teve acesso, e só não deu o devido endosso divulgativo aquela que tem andado a reboque do governalho, ora em franca dissonância com a vontade cristalina do povo, o Prof. Doutor Manuel de Araújo, Edil da capital Africana do Desporto 2024 e Candidato a Governador do segundo maior círculo eleitoral do país, remete-nosao culto da paz, ordem pública e verdade eleitoral em Quelimane e em toda a rica província da Zambézia. É o seu destemido contributo rumo à materialização do sonho de todos os moçambicanos em cujos corações realmente cabe o povo, que se vislumbra afirmar, samorianamente, como povo no poder!

No primeiro comunicado (4.12.24) o Autarca concentra-se numa exortação ao civismo e ordeirismo circunscrito à cidade municipal de Quelimane, por si liderada há quase década e meia, desde que por mérito próprio e carisma popular a arrancou de Pio Augusto Matos e da então vencedora gloriosa e retumbantista FRELIMO. No segundo comunicado (5.12.24) o Candidato da RENAMO a Governador da Zambézia, amplia de forma explícita a sua exortação à toda a província convocando-a pela primeira vez a iniciar manifestações pacíficas, ordeiras e específicas em busca da verdade material eleitoral expressa nas urnas, como a vontade soberana do povo zambeziano ou ali residente à data da votação Outubrina. O povo tem depositado nas urnas o seu voto pela mudança e afirmação democrática desde 1994. Todavia, em cambalachosde eleição em eleição, gente graúda de certa religião em conluio, tudo tem urdido para a manutenção já cinquentenária dos então proclamadores da insurreição geral armada de 1964!

Com a convocação para a acção restauradora específica para a Zambézia, Manuel de Araújo parece sugerir que, por um lado, as manifestações nacionais convocadas pelo Candidato Presidencial Venâncio António Bila Mondlane, seu reconhecido companheiro de batalhas pelas democracias internas partidárias e do país, podem desembocar numa alteração de topo da solução da equação eleitoral, ora ostensivamente melindrada pelos contadores de Votos e harmonizadores de Actas e Editais aos níveis distrital, provincial e nacional. Mas, por outro lado, acções específicas de impugnação eleitoral na província da Zambézia configuram-se necessárias para salvar e honrar a vontade do seu povo, entretanto escamoteada pelos resultados “gato por lebre” que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) pariu de uma gestação extraconjugal cujos progenitores não são os eleitores zambezianos. Mais ainda, o rumo de violência com paralisações, destruição e luto que as manifestações nacionais têm vindo a tomar não se espelha na experiência zambeziana de protestos pacíficos, que têm na liderança de Manuel de Araújo na cidade de Quelimane, um exemplo a seguir e uma escola democrática aberta como “base para o povo tomar o poder”, conforme o sonho do primeiro Presidente da República Popular de Moçambique (RPM), Samora Moisés Machel, entrementesvisivelmente apunhalado pelos seus correligionários.

Talvez valha a pena rememorar aqui, que em Outubro de 2023, aquando das eleições autárquicas, houve também manifestações gerais pela verdade eleitoral, sob a terminologia de “Marchas Pacíficas”, convocadas pela RENAMO, com Manuel de Araújo e Venâncio Mondlane como seus destacados quadros mentores. Na voz de Joel Amaral, então acólito de Manuel de Araújo na Vereação da Educação e Cultura, que ulteriormente se perfilaria a Venâncio Mondlane, a canção popular “Trufafá-Trufafá, … Polícia votou quem? Mas quem ganhou? … É RENAMO!” constituía o hino de ambos e de todas as baladas e boladas para todas as idades e camadas sociais.

Era a dupla Manuel de Araújo e Venâncio Mondlane movendo as marchas, manifestações ou contestações de dentro da mesma RENAMO. Um na capital de Moçambique, lutando pelos seus votos roubados sob a bênção de um Clérigo-político penitente. Outro na capital provincial da Zambézia, também batalhando pelos seus votos tal-qualmente surripiados pela bendição do mesmo Sacerdote. Especula-se que a liderança do então Partido de ambos teria cedido a diálogos de alto nível publicamente não sabidos porque não confessos.Acresce a especulatória boca popular conspiratória que consciências dos padrastos da democracia terão sido comercializadas para travar Araújo e Venâncio e murchar as marchas das suas gentes em Quelimane e Maputo! 

Todavia, do domínio público afigura-se ser, que no percurso das Marchas Pacíficas da RENAMO em 2023, a sua liderança do bico alto da pirâmide, estranhamente, tenha sido tacanha e moribunda. Quandofoi vista, certa vez em Maputo, tratou-se de uma breve passagem pela Praça dos Combatentes, mais conhecida por Xikhelene, numa concorrida Marcha em que Manuel de Araújo deu presencialmente a Venâncio Mondlane a experiência de Quelimane, tendo os dois inadvertidamentesuplantado a presença taciturna de Ossufo Momade, seu Presidente. No lugar de se ver um combativo General Ossufo Momade lutando junto dos seus pelas autarquias reclamadas pela RENAMO, notabilizar-se-iam as “Marchas de Araújo e Venâncio” com satélites em Raúl Novinte e Paulo Vahanle nas cidades de Nacala-Porto e Nampula, respectivamente, tirandoas ténuesmarchas de António Muchanga na Matola!

Doravante, os então Cabeças de Lista da RENAMO para as capitais do país e da Zambézia prosseguiriam as marchas a solo, certamente com consultas regulares e trocas de experiências entre ambos e algumas assistências a Novinte e Vahanle, uma vez que Muchanga já dera mostras de fragilidade operacional ou resignação. Havia sinais de caminharem para uma situação de abandonadosou simplesmente pouco acarinhados pelo seu líder, pese embora nunca nesse sentido tivesse o General feito alguma declaração pública. Nem do mediático, ruidoso e ruinoso Porta-Voz de entãoterá havido menção expressa à alguma ruptura, apesar do seu histórico público de diabolização intencionalmente perniciosa dos dois fenómenos políticos a olhos vistos sobressaindo das elites intelectuais não militares da RENAMO. A convocação de manifestações específicas na Zambézia, pela qualidade da figura que assim procede, chama-nos a trazer à colação umcheirinho desses aspectos do acervo histórico recente das contestações eleitorais em Moçambique, pois as actuais são o continuado daquelas.

Nas autárquicas de 2023, o Prof. Doutor Manuel de Araújo venceu marchando e pedalando por Quelimane a bons sinais, com apoio popular local, provincial, nacional e internacional, que faria murchar toda a máquina multi-institucional contra si arquitectada pelo regime rubro, cada vez menos expressivo na Zambézia. Jáo Eng. Venâncio Mondlane parece ter engolido, na circunstância eleitoral de 2023, uma dupla fraude, pois tinha também na frente interna doentãoseu Partido outros comandos por compreender, obedecer em cega e muda disciplina partidária e traindo o próprio eleitorado, resignar da sua luta pelo governo da capital do país. Venâncio não vergou, até usou tribunais, eclipsando a suarefulgência interna. Tudo isso contribuiria de forma conspiradora para que a Cidade de Maputo não fosse “vomitada” a Venâncio Mondlane pelo Conselho Constitucional, de símile maneira que aquele outro Comité Central, mas de jurados constitucionais, o fez com Quelimane para Manuel de Araújo.

De Outubro de 2023 a Outubro de 2024, até a esta altura em que Manuel de Araújo adopta a estratégia de convocação de manifestações específicas ao nível da Zambézia, acrescentando um condimento local de liderança provincial às convocações faseadas de Venâncio Mondlane, o tempo passou com uma velocidade política vertiginosa em Moçambique. Um candidato presidencial de última hora, porém acarinhado, tornou-se no fenómeno político nacional que faz lembrar essa fenomenologia personificada em Manuel de Araújo em Quelimane e na Zambézia. O país caracteriza-se hoje por umaquaseingovernabilidade pós-eleitoral com requintes de convulsão social e colapso do Estado cinquentenário, já quase com o governo legalmente instituído numa Ponta fixa e outro virtual numa Ponta de Exílio Móvel.

Visionário, Manuel de Araújo procura salvar o “Titanic” Moçambique da turbulência do mar alto em que se transformaram as eleições de 2024, por conta da ardilosa conta trapaceira de batoteiros reincidentes com rostos adornados de inverdades eleitorais recorrentes desde 1994. Tendo sentido na própria pele e nos próprios pulmões a repressão de um Estado atordoado em queda livre, percebeque o país todo já esteja em manifestações gerais, convocadas ou não por Venâncio Mondlane. Limpando as lágrimas de gás lacrimogénio cimenta-se-lhe a convicção de que os moçambicanos um dia se irão beneficiar da mudança que disso resultar.Manuel de Araújo pensa e repensa no valor da sua entrega, entre ameaças de morte e outras sevícias psicológicas!

Meticuloso, detalhista e proactivo o Cabeça de Lista da RENAMOpara Governador da Zambéziafaz uma introspecção da sua contribuição para a luta hodierna do povo ao poder nacional, partindo do perímetro da sua cidade e província. Abre os seus olhos como faróis de libertação e vê mais longe: enquanto os resultados das manifestações gerais convocadas por Venâncio poderão alterar a confirmação do próximo inquilino da Ponta Cor-de-Sangue e reconfigurar o mapa parlamentar da próxima legislatura, o nível provincial poderá ficar àmargem da equação deixando as escolhas dos zambezianos ao amargo sabor da roubalheira ora fixada pela CNE.

Vem então daí Manuel de Araújo, começando por onde pode ser melhor ouvido e seguido, reiterando que “Quelimane é de todos nós. Zelar por ela é um dever comum”. Mas o Comunicado apresenta-se como um instrumento orientador a todos os zambezianos numa altura em que se elevou a fasquia de tumultos manifestantes pelo país, com destaques recentes para excessos registados em Chinde, Inhassunge, Morrumbala, Namacurra, Milanjee Alto Molócuè.

Emface disso configura-se importantea tónica restauradora de Manuel de Araújo, ao convocar manifestações ordeiras, pacíficas e específicas em toda a província da Zambézia! A adopçãode posturas que distanciem o povo zambeziano dasinvestidas de oportunistas das manifestações com ou sem rosto é uma postura de Estado! Podem ser oportunistas a mando de quem visiona reduzir as manifestações a mera sequência de danos humanos e materiais para desacreditá-las.Desacreditando-as, pretende-se desfazer a ligação das reivindicações populares àquilo que a maior parte dos moçambicanos, e não só, considera ser a maior fraude eleitoral de todos ostempos. Fraude estampada pela CNE que,mesmo reconhecendo irregularidades de grande vulto sobre as quais não teve tempo suficiente para melhor abordagem, apresentouvencedores paraquedistas!


Categoria: Opinião

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