MOTO TÁXIS EM MAPUTO: ENTRE O CRESCIMENTO E O CAOS

POR: FERNANDO MATICO

Desde a inclusão das manifestações de 24 de outubro de 2024, Maputo, a capital de Moçambique, assistiu ao surgimento de um novo e controverso fenómeno de transporte: o moto táxi. Originalmente popular nas regiões norte do país, esse serviço de transporte rápido e acessível conquistou rapidamente os espaços urbanos da cidade, e o que inicialmente parecia ser uma alternativa emergencial a obstáculos causados pelas barricadas em protesto aos resultados eleitorais, se consolidou como uma realidade mais permanente. No entanto, o crescimento desorganizado desse sector trouxe consigo sérios desafios de mobilidade e segurança, transformando Maputo em um campo de tensão e desordem.

A ascensão do moto táxi pode ser vista como uma resposta directa à crise de mobilidade urbana imposta pelas manifestações. Durante esse período, muitos cidadãos optaram por motos como uma solução prática para evitar os bloqueios nas vias públicas. Com o tempo, essa preferência não apenas se manteve, como também se expandiu, alimentada pela necessidade de deslocamento rápido e pela falta de opções viáveis de transporte colectivo em algumas áreas da cidade. Contudo, o que começou como uma alternativa funcional se transformou em um desafio de desorganização e caos no trânsito de Maputo.

Uma das maiores questões enfrentadas pela cidade é a actuação desordenada e muitas vezes agressiva desses moto taxistas. Eles têm sido frequentemente associados a bloqueios de vias públicas e até a manifestações, criando um clima de anarquia nas ruas. Ao longo do tempo, observou-se que esses motoristas, em muitos casos, não respeitam a autoridade da polícia municipal nem a Polícia da República de Moçambique (PRM), agravando ainda mais a sensação de insegurança e desordem. Em alguns momentos, a cidade parece ser tomada por uma sensação de que as ruas estão fora do controle das autoridades, com motoristas de moto táxi agindo sem qualquer tipo de regulação ou respeito pelas leis de trânsito.

Por trás desse cenário caótico, encontram-se indivíduos que, ao que tudo indica, não são apenas prestadores de serviços, mas também se envolvem em práticas que podem contribuir para a instabilidade social. A falta de regulamentação eficaz e a inexistência de um código específico para a operação de moto táxis agravam ainda mais o quadro de confusão e desordem, gerando riscos não apenas para os motoristas, mas também para os pedestres e outros motoristas que se arriscam no trânsito da cidade.

Diante desse cenário, é imperativo que as autoridades de trânsito e o município de Maputo tomem medidas urgentes para regular esse novo fenómeno. A criação de um código de conduta específico para os moto taxistas e o estabelecimento de um sistema de licenciamento mais rígido são passos essenciais para garantir que o crescimento desse sector ocorra de maneira ordenada e segura. A Polícia de Trânsito deve trabalhar de forma colaborativa com a polícia municipal e outras autoridades locais para implementar essa regulação e, assim, evitar que o caos se torne a norma nas ruas de Maputo.

Não podemos permitir que Maputo seja refém de um sistema de transporte desorganizado e irresponsável. A cidade merece um trânsito mais seguro, organizado e acessível, onde todos os seus cidadãos, sejam motoristas ou pedestres, possam se deslocar sem medo ou transtornos. A regulamentação dos moto táxis é uma questão urgente e necessária, e somente com acções decisivas e eficazes poderemos evitar que a desordem se instale permanentemente nas ruas da nossa capital.


Categoria: Opinião

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