Jovens activistas repensam luta contra HIV/SIDA em África

Através do podcast Limitless da “True Africa”, três jovens activistas seropositivos repensam luta contra HIV/Sida em África. Para eles, é preciso que se mude a abordagem dos governos africanos relativamente à doença, até porque… “o HIV não é uma sentença de morte”.

O programa enquadra-se no Dia Mundial de Luta Contra SIDA, que hoje se assinala. O episódio será transmitido hoje na Rádio Comunitária Kanyaka e será precedido de uma conversa com as estruturas locais sobre a questão do HIV naquele distrito da cidade de Maputo. Amanhã, o programa poderá ser acompanhado na Rádio Moçambique e em outras emissoras africanas.

Mais de 25 milhões de pessoas no continente africano vivem com o HIV. E África representa quase dois terços do total de novas infecções pelo HIV a nível global, não obstante os milhões de dólares usados na luta contra a doença, o que motiva algumas reflexões. 

Bisi Alimi é um activista LGBT nigeriano que recentemente anunciou que é seropositivo, apesar de já viver com a doença há muitos anos. Alimi disse que soube do seu estado em 2004. Porém, começou a medicar cinco anos depois.

O activista conta que chegou a receber vários tipos de mensagens, incluindo a que dizia que o HIV era um castigo por ser homossexual, “mas as mensagens de amor estavam muito acima do ódio, o que me tornou um dos activistas dedicados à causa”, recordou.

Já Jacqueline Wambui é uma activista seropositiva do Quénia. “Qualquer pessoa pode ter HIV. Temos que mudar a nossa abordagem, por exemplo, sobre sexo. Não estamos a falar sobre o sexo com as nossas crianças, nas nossas casas, mas há muita gente a fazer sexo. Este é o tipo de conversa que precisamos de começar a ter. Não tratemos o HIV como uma sentença de morte, até porque passados 17 anos estamos aqui e convivemos com ele”, referiu, exortando aos governos que tomem políticas de acordo com a realidade africana.

Saidy Brown é natural da vizinha África do Sul e nasceu com o HIV. Ela anunciou o seu estado de seropositividade no Twitter em 2017 e pensa que se deve falar sobre a doença de forma diferente.

“Escrevi uma ‘carta aberta para o HIV’ e postei no Facebook e foi assim que comecei a abordar o assunto nas redes sociais. A viragem deu-se há cinco anos, aquando da entrevista na BBC, altura em que nem sequer sabia que era uma activista. Decidi chamar-me ‘HIVitoriosa’ porque não queria que as pessoas me vissem com pena: não sou uma vítima, sou uma vencedora.

As cerimónias centrais do Dia Mundial de Luta Contra SIDA, no país, serão dirigidas pelo ministro da Saúde, Armindo Tiago, esta manhã, no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano-Noticias


Categoria: Sociedade

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