Matola diz que o financiamento para o sector produtivo é menor
A configuração da distribuição de crédito na economia salienta a necessidade de o país aprofundar ainda mais as suas raízes produtivas. O crédito bancário é um instrumento financeiro importante para o financiamento das actividades de consumo e investimento dos agentes económicos e, portanto, na promoção do crescimento económico, numa dinâmica que assegura que os recursos existentes sejam canalizados para os sectores mais produtivos da economia.
Analisando a distribuição do crédito por sectores das linhas de crédito COVID-19, o CEO do Banco Nacional de Investimentos – BNI, Tomás Matola, observa que a predominância do sector comercial na absorção do crédito disponibilizado neste contexto, em particular, suscita preocupações sobre a estrutura produtiva da nossa economia.
Dados revelados pelo BNI, sobre a absorção das linhas de crédito Covid-19, mostram que, na distribuição do crédito por sectores, o comércio lidera com 29%, seguido das aves de capoeira e do gado com 16% e do sector do turismo com 9%. Analisando esta configuração, Tomás Matola, inferiu que se trata de uma situação indesejável, na medida em que, embora importante na promoção da actividade económica, no caso de Moçambique, o sector do comércio tem uma contribuição limitada na geração de bens na economia, transaccionando na sua maioria bens importados.
A posição do comércio como um dos principais beneficiários do crédito bancário não é um acontecimento isolado nas linhas de crédito COVID-19, pelo contrário, reflecte a realidade económica do país em geral. Dados do Banco de Moçambique mostram que o comércio, juntamente com os sectores da Indústria e dos Transportes e Comunicações, são os principais destinatários dos recursos financeiros canalizados pelo sector bancário.
Só em 2020, a indústria recebeu 17% do crédito disponibilizado, seguida do Comércio (11%) e dos Transportes e Comunicações (10%). Um aspecto que merece atenção é o financiamento da agricultura, que ainda é bastante incipiente, recebendo, em média, apenas 4% do financiamento.
Além disso, a maior parte do crédito bancário vai para áreas não produtivas (habitação e consumo), em média, 25% do crédito da economia é utilizado para financiar estas áreas. (Seminário Económico)