Por ocasião da abertura do XXXIV Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), que decorreu na cidade da Beira, o Secretário de Estado da Ciência e Ensino Superior de Moçambique, Edson da Graça Macuácua, apelou à intensificação da cooperação entre instituições de ensino superior dos países lusófonos, colocando a ciência ao serviço das soluções globais, com destaque para a luta contra as alterações climáticas.

Perante uma audiência composta por reitores, académicos, dirigentes e representantes de universidades da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Macuácua sublinhou a importância das universidades enquanto “actores-chave da diplomacia científica”, capazes de liderar a busca de soluções partilhadas para desafios comuns.

“As Universidades actuam num ambiente globalizado e digital, condicionado por fenómenos como a internacionalização da economia, a quarta revolução industrial, as alterações climáticas e o crescimento demográfico. Cabe-lhes formar cidadãos à altura destes desafios do século XXI”, frisou o governante moçambicano.

Realçado como um espaço de reflexão e partilha de boas práticas, o encontro da AULP de 2025 teve como tema central “O Papel das Universidades na Gestão das Mudanças Climáticas”. Macuácua aproveitou o palco para enaltecer o papel da Universidade Zambeze e das restantes instituições co-organizadoras pelo esforço na realização do evento, destacando a cidade da Beira como “capital das universidades da CPLP”.

A escolha da Beira para acolher o encontro não foi meramente simbólica. A cidade tem sido uma das mais afectadas por fenómenos climáticos extremos, como ciclones e inundações, tornando-se num exemplo claro da urgência de respostas académicas robustas e contextualizadas.

“Moçambique e a cidade da Beira têm muito a partilhar sobre os efeitos reais das mudanças climáticas. As universidades devem estar na linha da frente da resposta científica e tecnológica aos desafios ambientais”, destacou Macuácua.

O Secretário de Estado insistiu ainda na necessidade de as instituições de ensino superior da lusofonia reforçarem a mobilidade académica e a produção conjunta de conhecimento, propondo uma maior ligação entre universidades, sociedade e mercado de trabalho.

Num discurso marcado por apelos à integração e à humanização do ensino, Macuácua advertiu para os perigos da “era da pós-verdade”, onde valores e instituições são frequentemente postos em causa, realçando o papel da universidade na formação de cidadãos éticos, íntegros e responsáveis.

“O nosso ensino superior deve formar não apenas profissionais competentes, mas também seres humanos comprometidos com a sociedade, com ética e com autoestima. A universidade deve ser um espaço de saber conviver, saber estar e saber fazer.”

Categoria: Sociedade