CRÍTICOS APONTAM CC PELA DEMORA NA VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS ELEITORAIS DE 9 DE OUTUBRO
O Conselho Constitucional de Moçambique, órgão responsável pela validação dos resultados eleitorais, anunciou que a confirmação dos resultados das eleições de 9 de outubro de 2024 poderá ocorrer no més de dezembro. Essa decisão gerou uma onda de indignação e desconfiança entre a população, que questiona a integridade do processo eleitoral e teme que a demora na validação possa ser um indicativo de que algo está errado.
De acordo com as denúncias que circulam nas redes sociais e na mídia, as eleições de outubro foram marcadas por uma série de irregularidades. Vídeos têm circulado amplamente, mostrando membros de mesas de voto (MMVs) alegadamente introduzindo votos fraudulentos nas urnas em favor do partido Frelimo, além de suspeitas de adulteração de editais e actas eleitorais. Essas imagens, somadas a inconsistências nos números de votos registrados, levantam dúvidas sobre a transparência e a veracidade do processo eleitoral.
A decisão de adiar a validação dos resultados tem alimentado a suspeita de que as autoridades estão tentando “fazer o tempo passar” na esperança de que as tensões se dissipem antes de anunciar os resultados finais. Para muitos, essa situação é vista como uma afronta ao povo moçambicano, que exigiu, nas urnas e nas ruas, um processo eleitoral justo e transparente.
“Se está difícil validar os resultados, é porque alguma coisa não está bem”, afirmam críticos do processo. Para esses opositores, o facto de o Conselho Constitucional não ter avançado com a recontagem ou mesmo a anulação das eleições é sintomático de que há um esforço para encobrir as falhas e erros cometidos durante a votação.
A principal preocupação da população, e de observadores internacionais, é que esse processo possa resultar em uma validação que favoreça unicamente a Frelimo, o partido no poder, sem que sejam devidamente levadas em consideração as irregularidades apontadas. “Estão a espera que tudo se acalme para validar os resultados a favor da Frelimo, pensando que o povo vai aceitar isso. Mas o povo não vai esquecer, e isso vai gerar mais manifestações”, alertam líderes da oposição.
Para esses manifestantes, qualquer decisão que ignore as provas de fraude e manipulação será vista como uma tentativa de desrespeitar a vontade popular e prolongar um ciclo de desconfiança nas instituições do país. “Esse tipo de atitude só fará com que o país continue a afundar em um abismo da crise política e social, sem perspectivas de recuperação”, enfatizam os críticos.
O QUE PODE ACONTECER A SEGUIR?
Com a possibilidade de que o Conselho Constitucional, ao validar os resultados em dezembro, reforce o status quo político e institucional, cresce a pressão para que se promova uma auditoria real do processo eleitoral. Para muitos, a expectativa é de que a recontagem dos votos seja realizada de maneira aberta e transparente, como um passo necessário para restaurar a confiança nas eleições e nas instituições do país.
Entretanto, se o Conselho Constitucional decidir validar os resultados sem revisões substanciais ou medidas correctivas, a população pode continuar a se mobilizar. A desilusão com o processo eleitoral já está instalada, e a mensagem parece clara: o povo moçambicano não aceitará mais ser ignorado ou desrespeitado pelas autoridades.