Em uma entrevista exclusiva ao Notícias, o Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, delineou uma visão estratégica para enfrentar os desafios económicos e sociais que o país atravessa. Com ênfase na pacificação, coesão social e reformas estruturais, Chapo demonstrou confiança na capacidade de Moçambique para superar os contratempos recentes e retomar o caminho do crescimento sustentável.

O Presidente destacou o diálogo inclusivo como a base para a pacificação e a resolução dos conflitos internos. “O país só se pacifica por via do diálogo. Precisamos realmente de nos unir como moçambicanos, do Rovuma ao Maputo, para construir consensos e alcançar estabilidade”, afirmou.

Chapo também abordou a questão da instabilidade no norte de Moçambique, especificamente a violência associada ao terrorismo em Cabo Delgado. Ele propôs um modelo híbrido para combater o terrorismo, que combina acções militares com a solução das causas estruturais do fenómeno, como o desemprego juvenil e a exclusão social. “Moçambique é um país de paz, e vamos continuar a trabalhar para garantir segurança às nossas populações”, garantiu o Presidente.

O Presidente Chapo enfatizou a importância das reformas políticas, começando pela revisão da lei eleitoral para garantir maior representatividade e credibilidade no processo político. Ele defendeu a profissionalização dos órgãos eleitorais e a descentralização como mecanismos essenciais para fortalecer a democracia no país.

No campo económico, Chapo revelou um plano para reorganizar a administração financeira do país. Ele propôs a criação de um Ministério da Economia independente, com o objectivo de dinamizar a economia, promover o desenvolvimento e reduzir as desigualdades sociais. O Ministério das Finanças será encarregado exclusivamente da arrecadação de receitas e controle de despesas públicas. “Precisamos de inverter a pirâmide económica e colocar mais dinheiro nas mãos da maioria, especialmente das camadas mais vulneráveis”, afirmou Chapo.

Outro ponto destacado na entrevista foi a exploração dos recursos naturais, particularmente o gás natural na Bacia do Rovuma. O Presidente reconheceu a importância dos projectos nesta área para o fortalecimento da economia nacional e a criação de empregos. No entanto, Chapo enfatizou que é essencial garantir que os benefícios da exploração cheguem às populações locais e que a gestão do sector seja mais eficiente e transparente.

Ele mencionou o trabalho em curso para melhorar a gestão de projectos estratégicos, como os da TotalEnergies em Cabo Delgado, apesar dos desafios enfrentados com a instabilidade na região. “Temos de assegurar que as comunidades locais sejam beneficiadas por esses projetos e que o país aproveite ao máximo os recursos naturais”, disse.

Chapo reafirmou que as estabilidades políticas e económicas são fundamentais para atrair e manter a confiança dos investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros. Ele ressaltou a importância de mecanismos institucionais, como a Comissão de Reforma do Modelo de Descentralização (CRE-MOC), que visa fortalecer o ambiente de negócios e facilitar os investimentos no país.

“Os investidores continuarão a apostar em Moçambique porque somos um país de oportunidades e estamos comprometidos em implementar reformas que promovam o desenvolvimento sustentável”, destacou o Presidente.

O Presidente também falou sobre a importância de políticas sociais para reduzir a pobreza e criar oportunidades de emprego para os jovens. Ele defendeu o fortalecimento da educação técnica e profissional, além de apoiar setores como a agricultura e a indústria, que têm um grande potencial para gerar empregos e diversificar a economia. “Precisamos de investir nos nossos jovens e garantir que tenham as ferramentas necessárias para serem motores do crescimento nacional”, concluiu Chapo.

Categoria: Política