BVM vibrante no mercado de capitais
O Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Valá, diz que a BVM é uma verdadeira alternativa de financiamento apesar de ainda persistirem desafios de vária índole, pois existem muitas empresas que mostram relutância em serem cotadas em Bolsa, pelas mais diversas razões. Porém, explica Valá, que as empresas têm mais visibilidade quando estão cotadas na BVM.
Valá esclarece que há vantagens notórias em usar a Bolsa de Valores e há igualmente desafios relacionados com a cultura financeira prevalecente no país. “O trabalho que temos vindo a fazer visa colocar o mercado de capitais no lugar que merece dentro do Sistema Financeiro Moçambicano”, disse.
Para fazer valer este objectivo, conforme Valá, a BVM tem realizado acções de sensibilização, capacitação, interacção e diálogo com os empresários, investidores, entre outros intervenientes chaves, no sentido de melhor conhecerem a Bolsa, os seus objectivos, vantagens, serviços e instrumentos disponíveis.
Acrescentou que a BVM tem estado a interagir e esclarecer aos empresários que muitas das razões por eles invocadas para não se cotarem, não têm razão de ser. “Uma empresa que não precise de financiamento continua a ter vantagens em vir para a Bolsa pela maior visibilidade que a sua empresa passa a ter, pelos benefícios fiscais que pode ter (isenção de imposto de selo e menor taxa de imposto nos dividendos) ”, esclareceu.
Vincou que quando as empresas precisam recorrem sempre ao financiamento bancário, e poucas vezes se lembram do mercado de capitais, onde o financiamento das empresas tem sido feito a taxas de juro relativamente mais baixas.
“As empresas, muitas vezes, queixam-se dos custos, mas não são tão elevados tendo em conta os benefícios a obter. Por exemplo, uma empresa que tenha um capital social de 1.000.000,00 MT paga 500,00 MT de taxa quando se admite à cotação (taxa de 0,05%), e anualmente paga 100,00 MT de taxa de manutenção (0,01%) na Bolsa”, realçou.
Segundo Valá, as empresas quando passam a estar cotadas na Bolsa, ficam obrigadas à prestação de informação obrigatória para o mercado, os accionistas e os demais investidores. Passam a publicar os relatórios de gestão e as contas da sociedade, devendo divulgar todos os factos importantes da empresa que sejam do interesse dos seus accionistas.
“É por isso que uma empresa quando vem para a BVM é considerada como uma empresa credível, fiável e transparente, que segue as boas práticas de boa governação corporativa, o que torna a empresa muito mais cuidadosa e responsável com os seus “stakeholders”, porque está exposta ao público e obrigada a apresentar informação regular ao mercado”, referiu.
O PCA da BVM disse que antes de se cotarem na Bolsa, as empresas deve ter em conta que a sua exposição vai passar a ser pública, que a performance da sua empresa vai ser analisada, que a gestão da empresa vai ser avaliada, e não apenas pelos seus accionistas, mas pelo mercado e pela opinião pública.
“A empresa cotada na bolsa fica obrigada à prestação de informação obrigatória nos termos do Código do Mercado de Valores Mobiliários, e que o seu não cumprimento pode ser alvo de crítica pela opinião pública e mesmo de penalização pela entidade supervisora do mercado de capitais em Moçambique, o Banco de Moçambique”, disse.
Além disso, de acordo com Salim Valá, se uma empresa quer-se admitir à cotação na Bolsa de Valores, tem de ter em conta que deverá obedecer aos requisitos de admissão no mercado bolsista onde se pretende listar.
“Todas as empresas podem admitir-se à cotação na Bolsa de Valores, desde que cumpram com os requisitos de admissão à cotação, relativamente ao mercado onde querem ser cotadas, isto é, no Mercado de Cotações Oficiais (Estado e Grandes Empresas) ou no Segundo Mercado (vocacionado para as PMEs)”, frisou.
Vincou que os requisitos de admissão à cotação são necessários para dar uma maior confiança aos investidores sobre a empresa que está a ser cotada na Bolsa, sendo mais exigentes para o Mercado de Cotações Oficiais e menos exigente para o Segundo Mercado.
No entanto, Valá diz que a BVM criou um Terceiro Mercado, em Novembro de 2019, para aquelas empresas que no momento de admissão à cotação não possuem a totalidade dos requisitos para serem cotadas, dando-lhes um prazo de 2 anos (máximo de 3 anos se devidamente justificado) para os alcançarem.
De acordo com Salim Valá, a BVM tem procurado ao longo dos seus 22 anos de existência, dar aos investidores uma melhor remuneração pelas suas poupanças e dar às empresas uma taxa de juro mais baixa pelo seu financiamento.
“Das 11 empresas cotadas actualmente na BVM, duas delas foram listadas já no contexto da Covid-19, como a atestar que mesmo com a crise económica e pandémica, os empresários e investidores continuam a recorrer à bolsa como um instrumento de financiamento, poupança e investimento. Várias empresas têm recorrido aos instrumentos de dívida, como as obrigações corporativas e o papel comercial para se financiarem, e essa tendência não afrouxou com o advento da Covid-19”, concluiu.