Ativistas da Scientist Rebellion Portugal Bloqueiam Ministério do Ambiente e da Ação Climática
No dia 10 de Maio de 2023, às 08h30, sete ativistas da Scientist Rebellion Portugal encerraram o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, fechando a entrada principal com um cadeado, e colaram artigos científicos, representativos dos estudos que apontam para uma ação urgente face às alterações climáticas, nas paredes do edifício.
Ao mesmo tempo, alguns dos cientistas seguravam uma faixa onde se lia “Gás + Carvão + Petróleo = Catástrofe Climática”. Os ativistas foram alvo de repressão imediata por parte da segurança, que removeu os artigos científicos colados. Esta ação faz parte da campanha The Science Is Clear, na qual mais de 1000 cientistas e ativistas da Scientist Rebellion se juntam em ações diretas.
O objetivo desta campanha é fazer soar o alarme face à contínua inação governamental e industrial relativamente às alterações climáticas, particularmente no que diz respeito aos avisos feitos no último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) e à necessidade da redução drástica de emissões de gases com efeito de estufa.
Em Portugal, os cientistas da Scientist Rebellion defendem que o Ministério do Ambiente e da Ação Climática não está a cumprir o seu papel na luta contra as alterações climáticas, encontrando-se refém dos interesses económicos a curto prazo e mostrando-se incapaz de tomar as decisões que são de sua responsabilidade.
“Continuando neste caminho, iremos sofrer as piores consequências da inação dos governos de todo o mundo. Segundo o IPCC, estamos numa trajetória de aumento de temperatura na ordem dos 3,2ºC, muito acima do compromisso feito por governos de todo o mundo de limitar o aquecimento a 1,5ºC até ao final deste século”, lê-se no comunicado partilhado pelos órgãos de comunicação.
Acrescenta que o Estado Português tem contribuído para esta trajetória irresponsável ao continuar a esconder-se atrás de tentativas de greenwashing e de promessas de soluções meramente tecnológicas para a emergência climática, mais especificamente ao insistir no aumento do uso de hidrogénio e gás dito “natural”.
“A ciência é clara ao dizer que soluções tecnológicas não chegarão para fazer face à emergência climática e que é necessário decrescer o consumo de energia para limitar ao máximo o aquecimento global”, dizem os cientistas.
Na campanha The Science Is Clear, exigem:
1. A descarbonização da economia através da transição económica, em colaboração com assembleias de cidadãos, para responder à crise climática e a crescente desigualdade criada pelo modelo de crescimento económico vigente;
2. A entrega de fundos de perda e danos derivados da catástrofe climática ao Sul Global, e o cancelar da dívida financeira dos países que menos causaram esta crise;
3. Proteção contra a destruição e exploração destrutiva das indústrias de extração, incluindo proteção tanto para quem defende estas terras e como para o modo de vida das populações indígenas, para que se assegure justiça climática e se previna a destruição de ecossistemas.
Em Portugal, os cientistas exigem:
1. O decrescimento da economia, reduzindo desperdício e consumos de luxo;
2. A substituição dos combustíveis fósseis na geração elétrica por soluções renováveis;
3. A implementação de transportes públicos de qualidade, gratuitos e eletrificados;
4. Utilizar o hidrogénio verde apenas em setores sem outra alternativa.
A Scientist Rebellion Portugal continuará a cumprir a Lei de Bases do Clima, nomeadamente o artigo 7, alínea 1, que legisla que “todos têm o dever de proteger, preservar, respeitar e assegurar a salvaguarda do equilíbrio climático”.
“We need a billion climate activists. I encourage everyone to consider where we’re heading as a species and to engage in civil disobedience and other actions. The time is now. We’ve waited far too long. Mobilize, mobilize, and mobilize. Mobilize before we lose everything.” – Peter Kalmus, NASA Climate Scientist.
“A meta de não ultrapassar 1.5 °C de aquecimento global está já fora de alcance. Por este caminho, em breve estaremos a dizer o mesmo da meta de 2° C com consequências catastróficas! Precisamos agora de transformações profundas, estruturais para alcançar uma economia sustentável. Na energia, nos transportes, nas florestas; mas também na política externa, finança e comércio internacional. Esta é a década crucial para a ação climatica.” Luis Fazendeiro, investigador em Sistemas Energéticos Sustentáveis
A Scientist Rebellion é um grupo crescente de ativistas climáticos com mais de 1000 cientistas e acadêmicos em 32 países. Os membros vão desde estudantes de ciências e professores até autores do IPCC e importantes cientistas das ciências climáticas. Através de ações disruptivas não violentas, a Scientist Rebellion exige a descarbonização imediata por meio do decrescimento económico. Durante os atos de resistência civil, os membros usam batas de laboratório e a grande maioria das atividades da campanha é organizada por voluntários do movimento. Saiba mais em scientistrebellion.org.
A Scientist Rebellion depende do apoio financeiro para o recrutamento, desenvolvimento de capacidades, educação e formação através do Climate Emergency Fund, bem como de doações de doadores individuais em todo o mundo.