
O ESTRANHO CASO DO BALEAMENTO DE TRUFAFÁ
Por: FERNANDO MATICO
O recente baleamento de Joel Amaral, mais conhecido por Trufafá, na cidade de Quelimane, província da Zambézia, levanta questões que vão muito além de um simples acto de violência. Algo não vai bem neste processo – e a forma como o caso está a ser apresentado à opinião pública dá a entender que estamos diante de um enredo cuidadosamente montado para ludibriar, confundir e talvez até distrair dos verdadeiros interesses em jogo.
Historicamente, a política tem sido um terreno fértil para jogos sujos, intrigas e estratégias que, muitas vezes, sacrificam a ética em nome da ambição. Para quem está de fora, parece um teatro mal encenado. Para quem está dentro, pode ser uma arena perigosa, onde os fins justificam todos os meios – inclusive a violência.
O caso Trufafá carrega o cheiro inconfundível de um espetáculo montado para alimentar o protagonismo do principal interessado no desenrolar desse drama. Será este baleamento um acaso? Um acto isolado de criminalidade urbana? Ou será antes um passo cuidadosamente calculado no xadrez político local?
Não é novidade que figuras públicas ou com alguma influência política, social ou económica sejam transformadas em mártires para gerar simpatia, capital político ou para eliminar obstáculos. É preciso que os órgãos de investigação tratem o caso com a seriedade que merece, mas também com independência e coragem. A verdade não pode continuar refém de interesses ocultos.
Quelimane, e a Zambézia no geral, não pode ser palco de manobras obscuras que colocam em risco a segurança e a confiança dos cidadãos nas instituições. Chegou a hora de denunciar, de exigir transparência e de recusar ser cúmplice do silêncio.
Afinal, como se diz nos corredores da sabedoria popular, “quem cala, consente”.
